As crianças possuem por natureza a predisposição para aprender. Por isso elas são tão espertas e muitas vezes ficamos boquiabertos com o fato de elas desenvolverem rápido coisas que nós adultos demoramos muito mais para assimiliar. Neste processo a criança busca os pais como referência para saber qual é a conduta correta para seu desenvolvimento. E é neste ponto em que muitos pais acabam cometendo alguns deslizes (afinal, somos humanos e temos também nossos erros e maus hábitos). Mas, se queremos um bom desenvolvimento para nossos filhos, devemos nos atentar para o fato de que AS CRIANÇAS IMITAM TUDO!
A partir de em torno de 1 ano e meio a criança começa a apresentar comportamentos de imitação do mundo adulto. Ela passa a dar comidinha para os bichinhos de pelúcia e deseja ocupar espaços de gente grande (como por exemplo sentar-se à mesa, comer com os talheres e pratos dos pais, deixando de lado a própria cadeirinha do papá). E é nesta fase que é crucial que os pais se policiem sobre seus próprios hábitos, pois a criança certamente os utilizará como referência. Quanto mais nova é a criança, mais potente é a assimilação da imitação inicial. Seguem abaixo algumas situações que demandam atenção dos pais:
1) DESORGANIZAÇÃO: Não se pode cobrar de uma criança organização se os pais deixam tudo fora do lugar. Se o seu filho tem dificuldades em manter seus brinquedos organizados, é importante que os pais dêem o exemplo e mostrem que todos os objetos tem um lugar certo, e que depois de usa-los, deve-se colocar no devido espaço.
2) TABLETS/CELULARES: Uma criança pequena entende que, se os pais utilizam a todo momento celulares, isto será a atitude correta, pois suas referências de mundo agem assim. Então, como cobrar que uma criança não fique excessivamente no tablet se nós adultos não desgrudamos muitas vezes das telas, mergulhados na individualidade? Só podemos cobrar condutas corretas que estejam acordo com nossas próprias ações.
3) FUMANTES: Pais que fumam não o devem fazer a vista da criança. Não apenas pela fumaça tóxica, mas também pelo risco de que a criança imite este hábito com gestos. Ao ver uma cena destas certamente o gesto será reprimido pelos pais, porém a ação estará fixada no inconsciente da criança, que pode apresentar tendências futuras a este vício. O ideal mesmo é que os pais abandonem este péssimo hábito, mas caso não seja possível, que evitem ao máximo o fazer na frente dos filhos pequenos.
4) CONDUTA SOCIAL: Deve-se avaliar como está a conduta dos pais no ambiente domiciliar. Uma casa com brigas, discussões, gritos, resmungos e bateções de porta certamente influenciará a criança a ter os mesmos tipos de comportamentos. Antes de reprimir a criança, é importante avaliar sua conduta e relacionamentos interpessoais.
5) SONO IRREGULAR: Se os pais não possuem uma rotina de horários, pode ser difícil para a criança entender que existe uma disciplina para o sono.
6) TELEVISÃO E JOGOS ADULTOS: Os programas de tv assistidos pelos pais também dizem à criança sobre quais conteúdos deve se apreciar ou imitar. Jogar games violentos voltados ao público adulto na frente de crianças pequenas é um exemplo de um hábito que deve ser evitado, assim como assistir séries, novelas, notícias, entre outros. A classificação indicativa do conteúdo assistido deve ser levada à risca. Deixe os entretenimentos adultos para momentos em que a criança não esteja presente. Sobre os programas infantis que a criança assiste, preste muita atenção nos personagens: se eles possuem condutas desordeiras, agressivas ou sexualizadas, é mais saudável que estes desenhos infantis sejam excluídos da rotina dos filhos pequenos. Preste muita atenção, às vezes é difícil identificar estes personagens nos desenhos.
6) OUTROS HÁBITOS RUINS: Jogar lixo no chão, gritar no trânsito, falar mal das pessoas, entre outros. Sempre deve-se avaliar: "eu quero que meu filho faça isto?".
O QUE É IMPORTANTE FAZER?
Utilize a imitação da criança a favor de seu desenvolvimento saudável. Ensine-a a jogar lixo no lixo, a não quebrar as coisas, a cumprimentar as pessoas com educação, a guardar os brinquedos, a não ficar mergulhada no mundo virtual, a se alimentar e dormir bem, a não bater porta, a respeitar a casa dos outros, etc. A melhor forma de ensinar é adotar tais condutas positivas na frente da criança, sempre elogiando-a e fazendo festa quando ela repetir os comportamentos desejados.
Antes de levar o seu filho à um Psicólogo para solucionar problemas comportamentais, faça uma revisão de sua conduta, pois pode ser que a imitação dos hábitos adultos seja o disparador das condutas negativas da criança. Caso suas ações cotidianas estejam de acordo com um ambiente saudável e mesmo assim o filho apresente comportamentos inadequados, aí sim é a hora de buscar ajuda profissional para identificar e trabalhar em psicoterapia as origens do problema.
Sucesso e bençãos a você e sua família,
Rafael Augusto Costa
Psicólogo Clínico
CRP 06/104288
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